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Polo Ecoturístico da Ilha Grande, Angra dos Reis, RJ

Relatório de Análise Turística (julho 2002)

Piratas

Fonte: Apontamentos para a história do Rio de Janeiro, Angra dos Reis e Ilha Grande, Carl Egbert Vieira de Mello


Os Piratas na Ilha Grande

ilha grande piratas brasileirosPiratas fizeram morada na Ilha Grande que teve um importante papel histórico, de destaque internacional, registrando episódios de pirataria, tráfico de escravos e contrabando de mercadorias ocorridas entre os séculos XVI e XIX.

Com a descoberta do ouro e da prata no Peru, no fim do século XVI , a bacia do Prata tornou-se o local de onde as riquezas vindas do Peru eram carregadas pela frota espanhola. Entre a Europa e a bacia do Prata os locais mais convenientes (ao sul) para o reabastecimento de água e lenha eram as ilhas de Santa Catarina (Florianópolis, SC), São Sebastião (Ilhabela, SP) e Ilha Grande.

No mesmo período, ocorreu o fim da “Invencível Armada”, quando Portugal ficou sob o domínio espanhol que incorporou a maior parte da armada lusitana. Portugal, estando desfalcado de sua esquadra, ficou a costa brasileira desprotegida. Desse fato resultou a intensificação do contrabando do pau-brasil e depois, de muitos outros tipos de contrabando.

Piratas e aventureiros de várias nacionalidades navegavam pela costa brasileira e assaltavam as naus espanholas carregadas de riquezas. Diversos pontos da costa brasileira serviam de refúgio, abrigo e porto de abastecimento. A Ilha Grande destaca-se. Nela os contrabandistas e piratas encontravam o abrigo mais seguro, além da tranquilidade para obter o repouso necessário. Havia fartura de água potável e madeira e dificilmente eram molestados pelos portugueses.

Piratas ingleses

A ilha foi atacada em 15 de dezembro de 1591 pelo Corsário Inglês Thomas Cavendish, que saqueou os viveres e pertences da população local e ateou fogo em suas residências, rumando em seguida para Ilha Bela para organizar seu ataque à Vila de Santos.
Sobre essa história foi editado o livro “Piratas no Atlântico Sul” de Ernesto Reis. A história registra um grande número de corsários ingleses que surgiram em nossa costa, ora traficando escravos e contrabandeando pau-Brasil , ora abordando navios e saqueando
cidades. No Sul, seus lugares preferidos para a espreita eram as ilhas: da Marambaia, dos Porcos, Grande, São Sebastião, Santa Catarina, onde passavam as frotas espanholas e lusitanas que iam e vinham do Prata carregando riquezas, durante os anos de 1585 a 1605.

Em 1617 a Ilha Grande sofreu inúmeros ataques feitos por piratas. Eram tantos os ataques e abusos acontecendo no trecho de Cabo Frio a Santa Catarina, que Felipe II da Espanha resolveu manter uma guarda costeira para a região, nomeando Martim de Sá seu comandante. thomas cavendish pirata brasileiroO pirata Juan Lorenzo, protegido do rei Felipe II, da Espanha, construiu uma casa-refúgio perto da praia, que ele batiza de Morcego. A casa é considerada a terceira construção de alvenaria do país.

Thomas Cavendish, pirata inglês, passou os últimos anos de sua breve vida (morreu aos 31 anos) no Brasil, exercendo grande influência nas cidades por causa de seus ataques e saques constantes. Cavendish ganhou notoriedade ao participar da dominação da Virgínia, nos Estados Unidos. Após mais algumas expedições para o Oriente, resolveu se aventurar nas águas ao sul, onde finalmente encontrou o lugar em que mais atuou em toda a sua vida. O inglês chegou a atacar Vitória, no Espírito Santo. Ilha Grande, no Rio de Janeiro. Ilhabela, em São Paulo. Em Santa Catarina, queimou engenhos e fez muitos escravos pela região.

Piratas holandeses

Os holandeses também marcaram presença na Ilha Grande, no início do século XVII. Registraram-se alguns conflitos entre holandeses e mestiços índios-portugueses que habitavam a Ilha. Os holandeses deixaram herança genética na ilha, o que pode ser observada pela presença de nativos com alguns traços índios, olhos azuis e cabelos loiros. Com a invasão holandesa no norte do Brasil, a frequência daqueles navios tornou-se rara na baía da Ilha Grande.

Piratas franceses

Depois dos holandeses que tiveram passagem curta pela Ilha Grande, vieram os franceses, no início do século XVIII e por 17 anos (1701-1718). Um dos pontos de interesse dos corsários franceses pela Ilha Grande, residia no fato da ilha ser vizinha à Paraty, porto marítimo de escoamento do ouro extraído das minas gerais; a inexistência de fortificações e de tropas; abundância de lenha e água, além do que, preferiam a Ilha Grande para se refrescarem, pois a geografia dela apresentava, ante qualquer surpresa,uma melhor possibilidade de fuga. Existem registros de que vários navios carregados de mercadoria de origem francesa, principalmente de tecidos, descarregaram na Ilha Grande, precisamente nas enseadas das Palmas, Abraão e Sítio Forte.

Mesmo com a extinção da pirataria francesa em função de tratados de política internacional, os franceses continuaram navegando a costa legalmente, transportando colônias de franceses destinados a ilhas francesas no extremo sul da America-Latina. As razões pelas quais eles continuaram a preferir as águas da baía da Ilha Grande explica-se: na época, os navios de carga não pagavam os carregamentos de água e lenha, mas se esses eram feitos no porto do Rio de Janeiro havia sempre despesas e intermediários para o transporte até o navio. Atracar na Ilha Grande e dela tirar o que quisessem era bem mais fácil.

Piratas argentinos

Em 1827 aconteceram três ataques de corsários argentinos na Ilha Grande, autorizados pelo governo argentino. Um contra a fazenda de Dois Rios, outro ocorreu na ponta de Castelhanos e o último deu-se na enseada das Palmas. Os três ataques foram rebatidos pelos fazendeiros e forças militares postadas na Ilha. Batalhas foram travadas. No último ataque, os argentinos perderam um navio que foi incendiado pelas forças brasileiras.

 

pirata jean lafitteNotas

Pirata do grego peiratés, literalmente “aquele que ataca”, de peiran, “atacar, hostilizar”.

Corsário veio do Italiano corsaro, do latim cursarius, de cursus, “corrida, curso”, de currere, “correr”. O corsário é o pirata que possuía uma Carta de Corso, uma licença de um governo para atacar embarcações inimigas, e era uma forma barata de ampliar a frota ofensiva de um país. Os corsários recebiam permissão para atacar embarcações inimigas daquele país durante o período de guerras, tinha autorização de saqueá-las, pagando até 1/5 do saque à Coroa, e podia se refugiar nas colônias do reino que conferiu a Carta. Ao fim da guerra, voltavam a ser meros piratas.

Bucaneiro é o pirata do Caribe. A raiz da palavra bucaneiro está no francês “boucanier” - o boucan é um grelhador usado para fazer carne defumada pelos índios Arawak, nas Caraíbas .

 

 

 

Relatório de Análise Turística da Ilha Grande

Anexo


Assuntos Correlatos